RIO SLABS: Parte II

Pouco depois de se jogar nesta morra, Marcio Mundim perdeu a prancha e passou um dos piores perrengues da sua vida. Foi obrigado a escalar o paredão de pedras para conseguir subir até a Av. Niemayer e, felizmente, sair ileso. Foto: Rick Werneck

Pouco depois de se jogar nesta morra, Marcio Mundim perdeu a prancha e passou um dos piores perrengues da sua vida. Foi obrigado a escalar o paredão de pedras para conseguir subir até a Av. Niemayer e, felizmente, sair ileso. Foto: Rick Werneck

Ricardo Bocão é uma lenda vida do surf brasileiro, um dos pioneiros no big surf tupiniquim que conhece como poucos os caminhos da laje do Sheraton. No swell do Dia das Mães, ele teve o prazer de surfar as bombas ao lado do filho mais velho, Bruce. Foto: Rick Werneck

Ricardo Bocão é uma lenda vida do surf brasileiro, um dos pioneiros no big surf tupiniquim que conhece como poucos os caminhos da laje do Sheraton. No swell do Dia das Mães, ele teve o prazer de surfar as bombas ao lado do filho mais velho, Bruce. Foto: Rick Werneck

São dias como este, na Laje do Sheraton, que separam os meninos dos homens, no line-up. Foto: Rick Werneck

São dias como este, na Laje do Sheraton, que separam os meninos dos homens, no line-up. Foto: Rick Werneck

A linha tênue entre a onda da vida e o seu pior pesadelo. É uma questão de poucos segundos que não permite nenhuma distração num mar como esse na laje de Sheraton. Imagine você pronto para ser varrido por esta bomba... Foto: Rick Werneck

A linha tênue entre a onda da vida e o seu pior pesadelo. É uma questão de poucos segundos que não permite nenhuma distração num mar como esse na laje de Sheraton. Imagine você pronto para ser varrido por esta bomba... Foto: Rick Werneck

Quando as maoires séries entravam, era um

Quando as maoires séries entravam, era um "Deus nos acuda" pra galera que ficava mais embaixo. Dificilmente dava tempo de remar para passar o outside sem molhar os cabelos ou perder a prancha. Foto: Rick Werneck

Com um line-up assustador e nem um pouco atrativo para a maioria dos surfistas, são poucos os que se aventuram a entrar na máquina de lavar. À direita, Bocão e seu filho Bruce prontos para se jogar no Sheraton. Foto: Rick Werneck

Com um line-up assustador e nem um pouco atrativo para a maioria dos surfistas, são poucos os que se aventuram a entrar na máquina de lavar. À direita, Bocão e seu filho Bruce prontos para se jogar no Sheraton. Foto: Rick Werneck

"Era um Waimea versão pocket... Mas a sugada na pedra me deixava meio aflito...", disse Nelsinho, referindo-se a esta primeira sessão da onda sugando em cima da pedra no Sheraton. Foto: Rick Wermeck

Calejado após várias temporadas no Hawaii, onde também fincou residência, Omar Docena aproveitou bastante o dia em que o Sheraton amanheceu com cara de Waimea Bay. Foto: Rick Werneck

Calejado após várias temporadas no Hawaii, onde também fincou residência, Omar Docena aproveitou bastante o dia em que o Sheraton amanheceu com cara de Waimea Bay. Foto: Rick Werneck

Jesse Faen mostrou que, mesmo sendo sua primeira caída no pico, domina as morras com muito estilo! –

Jesse Faen mostrou que, mesmo sendo sua primeira caída no pico, domina as morras com muito estilo! – " Eu não acreditei no que vi! Ondas seriamente perfeitas no Rio e só alguns caras na água. Parecia Waimea Bay. Na entrada, tinham galhos e destroços boiando ao meu redor e, com a forte corrente, era difícil se posicionar e fazer o drop. Logo me encontrei e tive a felicidade de trazer umas bombas até o inside. Ao sair, uma galera desconhecida me aplaudiu e tudo. Foi demais!" Foto: Rick Werneck

O australiano Jesse Faen, que trabalha para a ASP, estava no Rio para a etapa carioca do World Tour e tratou de arrumar uma gunzeira emprestada para desfrutar de um dos maiores e mais perfeitos swells já vistos na Laje do Sheraton. Foto: Rick Werneck

O australiano Jesse Faen, que trabalha para a ASP, estava no Rio para a etapa carioca do World Tour e tratou de arrumar uma gunzeira emprestada para desfrutar de um dos maiores e mais perfeitos swells já vistos na Laje do Sheraton. Foto: Rick Werneck

Caio Vaz caiu com uma prancha 6,8, relativamente pequena para as condições, o que não o impediu de botar pra baixo em algumas das maiores séries do dia no Sheraton. Foto: Rick Werneck

Caio Vaz caiu com uma prancha 6,8, relativamente pequena para as condições, o que não o impediu de botar pra baixo em algumas das maiores séries do dia no Sheraton. Foto: Rick Werneck

De longe, a visão da perfeição pode até iludir os desavisados, mas fazer a onda da laje do Sheraton desde a primeira sessão é uma missão das mais complicadas, mesmo de tow-in. Foto: Henrique Pinguim

De longe, a visão da perfeição pode até iludir os desavisados, mas fazer a onda da laje do Sheraton desde a primeira sessão é uma missão das mais complicadas, mesmo de tow-in. Foto: Henrique Pinguim

A segunda parte do especial RIO SLABS, traz as lajes do Sheraton e Castelinho, além de um bônus com as lajes do Shorebreak, Shock, Dramin e Gardenal. Nesta: Laje do Sheraton em mutação. Foto: Rick Werneck

A segunda parte do especial RIO SLABS, traz as lajes do Sheraton e Castelinho, além de um bônus com as lajes do Shorebreak, Shock, Dramin e Gardenal. Nesta: Laje do Sheraton em mutação. Foto: Rick Werneck

Diferente das lajes de Manitiba, Baía de Guanabara e Ilha Mãe, citadas na primeira parte da série RIO Slabs, as Lajes do Sheraton, Castelinho e Gardenal (Cartão Postal), já são surfadas há bastante tempo, pois têm uma localização mais privilegiada no que diz respeito a logística necessária para acessá-las, tanto na remada, quanto de jet.


O Castelinho, por estar logo ali na Praia de Ipanema, e quebrar com diversas ondulações diferentes, é a laje procurada com mais assiduidade, seja pela galera do bodyboard, do tow-in ou do bom e velho surf na remada. Já o Sheraton, necessita de grandes ondulações de sudoeste para funcionar, o que torna o pico bem mais raro.

Laje do Sheraton

Recentemente, um mega swell que encostou na Cidade Maravilhosa exatamente no domingo do Dia das Mães (9 de maio) acordou as lajes do Sheraton e Castelinho. Durante aquele dia ensolarado e de bandeira vermelha nas praias cariocas, a galera que não tremeu na base pôde aproveitar para remar com suas gunzeiras em séries que fizeram a praia do Sheraton ­– que fica à beira da favela do Vidigal, entre São Conrado e Leblon – lembrar a baía de Waimea.

Cascas-grossas das antigas, como Ricardo Bocão e Márcio Mundim, se jogaram nas grandes séries, que chegaram aos 12 pés, dividindo o pico com a galera mais jovem: Marcelo Trekinho, Felipe Cesarano, Nelson Pinto, Caio Vaz, Omar Docena, entre muitos outros.

“No dia anterior, eu tinha visto no mapa que o swell permanecia bem sólido, e sabia que no dia seguinte a cobra ia fumar. Ao checar o Pontão do Leblon logo cedo, me deparei com o mar invadindo a Av. Delfim Moreira e, naquela altura, as ondas do Pontão e da laje do Sheraton pareciam uma só, conectando… Eu e o Trekinho saímos da Barra de jet e viemos olhando de lá até a Laje do Shore (Copacabana), mas nada parecia muito bom. A Laje do Sheraton era a melhor opção, mas não podíamos fazer tow-in lá, pois tinha muita gente surfando na remada. Seguimos então para o Pontão, onde deu para descer umas boas sendo rebocado. Depois de muitos resgates e caronas para a galera da remada, já no final da tarde, pegamos as gunzeiras e fomos dar uma caída lá no Sheraton. Era um Waimea versão pocket… Mas a sugada na pedra me deixava meio aflito… No fim do dia, todo mundo pegou pelo menos uma boa e foi um Dia das Mães memorável!.”

– Nelson Pinto

Esta mesma sessão memorável da Laje do Sheraton já foi destaque aqui na Layback com uma sequência de Marcelo Trekinho protagonizando a vaca do dia.

Laje do Castelinho

No Castelinho, a 300 metros das areias do Posto 8 de Ipanema, as duplas de tow-in aproveitaram as esquerdas quadradas para uma sessão com altos tubos, que podiam ser vistos da Av. Vieira Souto. Entre eles, estavam: Ian Cosenza, Guilherme Braga, Tiago Candelot e Rafael Paiva (in memoriam). Local do Arpoador e frequentador constante do pico, Ian fez a mala nas esquerdas que rodavam e abriam um tubo largo até o “canal”, ao final da extensão da pedra.

“Com a previsão de uma bomba com mais de 15 pés e vento terral, algo raríssimo de acontecer, preparei as gunzeiras, o material de tow-in e coloquei o despertador para as cinco da manhã naquele domingo, afim de acordar o mais cedo possível e decidir onde seria a session. Antes do sol nascer, eu já estava no mirante do Leblon. A Laje do Sheraton quebrava igual à Waimea, e um pequeno crowd já se preparava para cair. Enquanto arrumava a prancha para me juntar a eles, recebi uma ligação que mudou o destino da queda. Era o Rafael Paiva, me convidando para fazer tow-in em alguma laje que estivesse quebrando. Pouco antes de chegar no Leblon, havia passado por Ipanema e vi que a Laje do Castelinho estava funcionando de maneira incrível. A esquerda formava um tubo quadrado e pesado, quase sempre com uma baforada no final. Aceitei o convite e me juntei ao grupo, que também era composto por Guilherme Braga e Tiago Candelot, que foi quem me puxou durante a session. A parceria deu certo. Foram as melhores ondas que eu já surfei naquela laje. Cresci vendo a onda quebrar, surfei várias vezes para a direita, mas sempre sonhei em fazer o tubo da esquerda… Nesse dia rolou e foi inesquecível! “.

– Ian Cosenza

Ainda segundo Ian, a caída foi tão proveitosa que a galera esqueceu do tempo de autonomia dos jets e por muito pouco a sessão perfeita não se transformou em um pesadelo daqueles.

“O mar estava tão bom que ficamos mais tempo do que deveríamos. E na volta, quando passávamos por fora do costão de São Cornado a caminho da Barra, acabou a gasolina do jet que eu pilotava. Ficamos à deriva por pouco mais de uma hora, vendo uns vagalhões gigantescos passarem por nós, enquanto o Guilherme ia até a marina buscar mais combustível. Poderia ter sido o perrengue da vida, mas deu tudo certo e foi o Dia das Mães da vida de todos nós, aqui no Rio!”.

– Ian Cosenza

A última sessão animal registrada nas lajes cariocas, você com certeza já conferiu com exclusividade aqui na Layback, na matéria “Tarja Preta – A filial carioca de Cyclops“.

Um fator bem interessante que rola aqui no Rio é que as grandes ressacas, que encostam na cidade vindo de diversos quadrantes, estão sempre proporcionando uma boa sessão de surf extremo em alguma laje carioca. Até bem pouco tempo, elas raramente eram surfados nos seus maiores dias. Se aventurar nesses picos não é brincadeira e, se der bobeira, você pode sair bem ralado, direto para o pronto-socorro mais próximo.

No estado do Rio ainda existem outras importantes lajes para o surf, como Postinho (Barra), Shore (Copacabana) e Shock (Itacoatiara), além das diversas lajes espalhadas pela região da Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis. No entanto, temos uma vasta costa para ser explorada que, com certeza, ainda esconde outras lajes prontas para serem surfadas.


Por enquanto, a série RIO Slabs fica por aqui. Mas esteja certo de que muito em breve algum insano, que você viu nestas fotos, irá estar desbravando um novo pico, e você vai poder conferir tudo em primeira mão, aqui na Layback.

Black BoxSurf