Filipe Toledo fez história esse mês, estampando a capa da conceituada revista australiana Stab Mag. Atualmente a publicação periódica que melhor representa o surf contemporâneo no mundo até pouco tempo atrás instigava – indiretamente – um velho preconceito contra surfistas brasileiros, principalmente em suas páginas digitais infestadas de comentários difamatórios.
Nas páginas da revista em si, a foto de um surfista brasileiro raramente foi impressa. No ano passado, uma parceria da Layback com a Stab rendeu algumas páginas exibindo o trabalho de um favorito nosso com uma câmera fotográfica no outside, Diogo d’Orey, grande parceiro de velha data. Uma delas, no entanto, foi enxergada com uma importância maior: uma merecida página dupla com um tubasso de Jerônimo Vargas em Nias acompanhada dos devidos créditos tanto ao surfista como ao fotógrafo (lembra disso aqui?).
Em breve, um acontecimento como este provavelmente terá um contexto completamente diferente. Filipinho aparece como o primeiro brasileiro da história na capa de uma edição da Stab Mag, um espaço dominado desde sempre por Dane Reynolds, Craig Anderson e John John Florence. Além disso, a edição assumidamente simboliza o início de uma nova fase, com um novo design e formato (maior e com páginas mais espessas e de melhor qualidade), novo editor, e 14 páginas de uma entrevista com Filipe Toledo assinada por Steve Allain (ex-editor da revista Hardcore), seguidas de 8 páginas de Yago Dora. Além disso, pela primeira vez vemos um clipe da mídia especializada internacional produzido 100% em português e legendado para o inglês (que você assiste aqui acima).
É claro, já houveram outras “renúncias” a nova geração de surfistas brasileiros nos tempos recentes por parte dos famosos veículos de mídia internacionais, incluindo uma edição da Surfing Magazine dedicada a tal Brazilian Storm. Porém, sempre com um ar condescendente, carregando um certo desdém camuflado. A tardia capa de Gabriel Medina na mesma Surfing Magazine só apareceu em 2013, e a edição dedicada ao Brasil estrelava Dave Wassel em Cloudbreak na capa. Há muito tempo que as potências do surf mantém pelo menos um olho no distante e promissor mercado brasileiro, quase como uma boa prática, mas agora começamos a ver alguns sinais de reconhecimento como este sendo mostrados de forma mais natural. Aquele batido termo Brazilian Storm não foi mencionado nenhuma vez em quase metade do conteúdo da revista dedicado a brasileiros nesta última edição da Stab Mag. O início de uma nova era, tentativa nº 2? Veremos.