Ricardo dos Santos entrou para a lista dos canditatos a Wipeout Of The Year, no Billabong XXL Big Wave Awards, durante o último swell gigante em Puerto Escondido, que você deve ter visto aqui. Conversamos com ele a respeito deste swell e dessa onda que ele considerou a maior da qual ele já despencou do teto.
Como foi o swell no México?
Foi animal, estava bem grande… Eu acabei sendo pego de surpresa, cheguei alguns dias antes do campeonato mas não estava preparado para o maior swell… sei lá, dos últimos cinco anos. Cheguei a comprar prancha lá na hora, também quebrei algumas, me matei com algumas horríveis. Foi um aprendizado mosntro de sobrevivência e consegui pegar algumas ondas da vida também.
Parece uma típica história de Puerto Escondido mesmo…
Sim, mas eu me senti um cara pouco preparado… No último minuto o pai do Lucas Silveira conseguiu uma roupa de borracha com flutuação pra mim, um dia antes do swell minha prancha também não estava pronta ainda. Mas viver o swell foi alucinante independente de qualquer coisa, também pela raridade dele.
Muita gente comentando sobre as performances do swell, Shane Dorian, Brad Domke… O que mais te impressionou na trip?
Eu já conhecia o nível da galera que estava lá, então eu não fiquei espantado com nada que ninguém fez. Pra mim é bem comum ver o Lukinhas metendo a cara na prancha, remando e dropando bombas, levando vacas… Quanto ao Brad Domke, ele é um cara bem atirado! Eu não tinha referências nenhuma do skimboard, pra mim o esporte era aquela prancha que você joga na areia ou então no máximo o cara vai no quebra-coco ali… Mas por tudo o que o cara conseguiu fazer ali sem quilhas e sem estar numa prancha de surf convencional, tenho que tirar o chapéu pra ele. Foi uma onda gigantesca que ele pegou, independente do tow-in ou nao, uma onda muito difícil de controlar, seja com quilhas ou sem. Acho que foi um feito incrível para o esporte dele, tanto que chegou a chamar a atenção do nosso, né…
E Agora você está concorrendo ao Billabong XXL pela primeira vez…
Pois é, não da maneira que eu queria, né? Mas to lá… (risos). Ninguém planeja entrar para aquele concurso na categoria da maior vaca. Mas é a primeira vez que vejo meu nome naqueles videozinhos ali, então é claro que tá valendo. Só de estar no México foi animal, independente do que você está fazendo ali, só de voar do teto da maior onda que eu já voei, ver a galera se dando bem, isso agrega muito a minha evolução no surf de onda grande.
Você diria que foi o seu maior wipeout?
Foi a maior onda que eu já pulei do teto, não diria que a maior ou pior vaca. Eu estava há umas três horas na água e não pegava onda. Isso começou a me atazanar, pois as ondas vinham meio tortas, nada entrava do jeito que eu queria muito bem… aí eu pensei: “Brother, tu tá num fundo de areia que tem 20 pés… não vai entrar uma onda perfeita mililimetricamente!” E aí eu cai na loucura e decidi pegar uma onda meio que do jeito que viesse mesmo. A onda tinha um aspecto um pouco triangular até, mas aí remei pela vida e fui nela mesmo. A minha loucura foi meio gigante, a onda era horrível comparada as outras que a galera estava pegando, e a minha prancha era sei lá… de quinta mão! Com quilha fixa, uma inclinação monstruosa e toda remendada, e eu comprei um dia antes do swell. Aí a prancha não remou com a velocidade que eu queria e eu vi que não ia rolar. Esse foi o pior momento… daí pulei com tudo. Vacão bizarro, mas eu fiquei mais preocupado em conseguir voltar a superfície antes da onda de trás. Mas aí com o wetsuit com flutuação da Billabong eu consegui subir relativamente rápido. A roupa deu uma ajuda gigante, foi algo muito bom que aconteceu comigo naquele dia, porque eu já estava surfando alguns dias sem colete, nadando pra caramba. Foi algo que me deu muito mais confiança. Eu consegui varar de volta bem num momento que não tinha onda e aí logo depois já veio outra onda melhor ainda e o Shane Dorian gritou “Vai! Vai!”, aí eu fui e levei outro vacão bizarro, acho que até pior que o dessa onda aí.
Filmaram também?
Filmaram mas mandaram pro XXL só a do pulão mesmo, sabe Deus por que. Mas a outra foi bem pior, me arrebentei, quebrei a prancha em três pedaços… Fiquei até feliz que ela quebrou, porque senão eu ia me foder mais ainda com ela. Duas vacas já está bom!
O áudio desta conversa também foi ao ar durante a Sessão Hang Loose de Surf, na Radio Layback, e caso você tenha perdido, ela será disponibilizada aqui em breve.