Faltando menos de uma semana para o show que estreia a primeira turnê sul-americana do Stoned Jesus da Ucrânia, o jornalista Erick Tedesco trocou uma ideia com o vocalista e guitarrista da banda Igor. O papo foi desde a expectativa dos caras em se apresentar em solo brasileiro ao aclamado último álbum The Harvest. Confira abaixo a entrevista:
“Experimentamos mais a cada novo álbum”
The Harvest, o terceiro álbum da carreira de sete anos da banda Stoned Jesus, é um daqueles discos completos, com os suficientes elementos para ouvi-lo na íntegra – são apenas seis músicas – e estabelecer um sentimento específico para cada canção. E, para tanto, estes ucranianos lançaram ano passado no mercado fonográfico um álbum com produção impecável, cautelosa, desprendida de soar baseado nesta ou naquela sonoridade. Igor Sidorenko, o mentor da Stoned Jesus, confirma: The Harvest foi um trabalho bem pensado, que coloca a banda além das fronteiras do desert rock ou do stoner metal, além de colocá-los em evidencia no cenário mundial. Em maio, o trio da Ucrânia percorre a maior distância da história da banda e chega à América do Sul, um realização da Produtora Abraxas. Confira a descontraída entrevista com Igor, que adianta um pouco do que será – e o que espera – da passagem pelo Brasil.
Por Erick Tedesco
Erick – Olá, Igor. Os fãs brasileiros estão bastante animados para ver o Stoned Jesus ao vivo. Como descreveria o atual momento da banda, a formação, como trabalham juntos e os objetivos desejados?
IGOR – Como estão, pessoal? Somos uma trio de rock que tenta manter tanto a música quanto as apresentações ao vivo interessantes para ambos os lados – banda e público. Saber que existem tantas pessoas contentes para nos ver tocar me faz pensar que de fato estamos fazendo as coisas certas.
Erick – O terceiro álbum, ‘The Harvest’, reúne diversas sonoridades, distintas energias e dialoga com variadas estruturas musicais. É, de longe, o mais eclético registro da banda. Como chegaram ao conteúdo que ouvimos em ‘The Harvest’?
IGOR – Compartilhamos 100% do seu ponto de vista sobre ‘The Harvest’ em ser o mais eclético lançamento da Stoned Jesus! Provavelmente devido às tantas metamorfoses deste material desde que começou a ser pensado. Primeiro, com orientação ao prog rock, mas rapidamente ‘The Harvest’ se transformou em algo com autenticidade e digo, estamos mais do que felizes com o resultado!
Erick – Você concorda que existem em ‘The Harvest’ mais elementos psicodélicos e melódicos do que nos álbum anteriores?
IGOR – Olha, nunca fomos uma banda que toca exclusivamente desert rock ou stoner metal, mas pessoas precisam rotular, não é mesmo? Acontece que experimentamos mais a cada novo álbum, e ‘The Harvest’ é uma vasta coleção de sonoridades em muitos aspectos – não apenas para os ouvintes, mas mesmo para a banda. Compor canções cativantes – alguém aí disse “Here come the Robots”? – requer muitos processos, assim como “Black Church”, uma composição que testa os limites da criatividade.
Erick – Vocês prepararão um setlist especial para a turnê sul-americana? O que os fãs podem esperar, músicas de toda a discografia da Stoned Jesus?
IGOR – No ano passado estávamos envolvidos com a turnê de cinco anos do debut ‘First Communion’ e, ao término desta série de shows, estávamos bastante exaustos de tocar diariamente aqueles cantos fúnebres vagarosos. Então, não tenho certeza se vamos incluir aquelas músicas do nosso início de carreira nos setlists da turnê pela América do Sul. Mas não se preocupem, “Electric Mistress” e “I’m the Moutain”, no entanto, não desaparecem por nada! (confira aqui o setlist do show de Santiago, Chile)
Erick – Quão importante é o Black Sabbath e toda a cena psicodélica da década de 1970 para a Stoned Jesus?
IGOR – Somos todos filhos da tumba, não somos? (risos). Tonny Iommi e companhia praticamente inventaram a música pesada, não posso tirar isso deles, no entanto, Black Sabbath nunca foi a principal influência da Stoned Jesus. Sempre me envolvi mais com Led Zepellin e Genesis, em se tratando de anos 70. Quanto à cena, os três integrantes da banda escutam diferentes tipo de música, então não existe foco em um gênero específico. Entretanto, existem três bandas que estão com lançamentos e recomendo conferir: Heron Oblivion, Stonerider e Tales Of Murder And Dust.
Erick – Qual elemento você considera ser uma constante na carreira da banda?
IGOR – Seguramente acredito que temos melodias reconhecíveis que torna as músicas envolventes. Os riffs podem ser bons, ou mesmo a atmosfera ou o groove, mas se você não distinguir uma canção de outra… pra que se incomodar? Um sentimento potente por meio da melodia é o primeiro elemento que avalio numa música ou banda, e é claro que este é um referencial para minha própria banda!
Erick – Stoned Jesus tem videoclipes profissionais, um fantástico novo álbum e diversos shows ao redor do mundo nas costas, realizados com muito trabalho e determinação. Você imagina que a banda está próxima de ser uma expoente da música pesada ou firmar contrato com uma gravadora de peso?
IGOR – É claro que adoraríamos compartilhar nossa música com a maior quantidade de pessoas possível, mas nada acontece tão fácil. Ter contrato com uma grande gravadora significa que você fez um bom serviço, mas vai trabalhar ainda mais. Estamos prontos para isso? Diria 100%, mas não somos nós quem decidimos (risos).
Erick – A letra da música ‘YFS’ é sobre a crise política entre Ucrânia e Rússia, e muitas passagens da letra podem perfeitamente apontar problemas da crise política do Brasil. Como acredita que a música oferece possibilidades de críticas para questões econômicas e políticas?
IGOR – Escrevi a letra de ‘YFS’ em uns 15 minutos de tão puto que estava com toda aquela situação e da cobertura midiática sobre o assunto. E entendo porque muitas pessoas ao redor do mundo relacionam problemas de seus países com esta temática, afinal, vivemos em tempos tumultuados. Assim como Rage Against the Machine e System of a Down, me vejo compartilhando ideias e mensagens que tentam fazer deste mundo um lugar melhor.
Erick – Vocês viajarão do Leste Europeu à América do Sul. Será uma longa viagem! O que sabe sobre o Brasil e o que nos mostrará sobre a Ucrânia?
IGOR – Esta será a viagem mais longa que realizaremos! Não estamos familiarizados com a cena musical brasileira, mas depois de assistir ao DVD “Rock in Rio” do Iron Maiden há alguns anos, acredito que vocês são malucos! Algumas notas do diário de turnê do Steve Hogarth (vocalista do Marillion) também ajudaram a compreender o que se passa por aí. Daremos o nosso melhor enquanto embaixadores da música ucraniana no Brasil, uma vez que provavelmente sejamos a primeira banda de rock daqui a tocar na América do Sul. Espero vocês nos shows!
O Stoned Jesus vai passar pelas seguintes cidades:
13/5 – Rio de Janeiro @ Teatro Odisséia com Saturndust
14/5 – São Paulo @ Inferno Club com Saturnduste Hierofante
15/5 – Florianópolis @ Célula Showcase com Cobalt Blue
O show do Rio de Janeiro vai contar com a cobertura da Radio Layback! Escute o som do Stoned Jesus todas as terças, quintas e sábados às 16h na Sessão Volcom Stone em Layback.FM.