No último dia de Rip Curl Pro Portugal 2012, como as previsões anunciavam, o desfecho da etapa em Supertubos foi no mínimo dramática.
Jeremy Flores parou Raoni Monteiro na última bateria do round 5 e, com condições difíceis no início do dia, Gabriel Medina usou de sua técnica de surfar qualquer coisa que se mova para conseguir a vitória sobre Josh Kerr nas quartas.
O campeonato foi interrompido e, na volta, Supertubos voltou a fazer jus a seu nome, com condições mais limpas. Mineirinho também avançou para as semis, mas foi superado por Julian Wilson com a maior soma de pontos do campeonato, constituída por um aéreo e um tubo, enquanto Gabriel conseguiu uma revanche em cima do atual líder do ranking mundial, Joel Parkinson.
A final entre Gabriel Medina e Julian Wilson começou como uma disputa franca de aéreos e logo, o aussie conseguiu um tubo com a saída forçada entre a espuma, que lhe rendeu um desproporcional 7.83 – era um prenúncio do que estava por vir.
Medina se manteve ativo durante toda a bateria, pegando o máximo de ondas que podia e conseguindo ficar na liderança desde o 7.80 que arrancou em uma onda extremamente bem surfada – um aéreo 100% funcional, passando uma sessão e aterrisando na linha para uma forte batida no lip e uma rasgada – até seu segundo score, um 7.47 com o tubo mais longo da bateria.
Com pouco mais de 1 minuto para o final da bateria, Medina segurava a prioridade no outside, mas ao ver Julian dropando uma onda mais atrás, virou e ameaçou remar nela. Foi aí que Medina perdeu a prioridade e os dois sentaram no lineup com 1 minuto de bateria restante e aquela sensação de que a onda que viesse seria utilizada por Julian para virar o jogo, como temos visto acontecer diversas vezes no Tour.
Julian Wilson não poupou claims durante sua campanha nesse campeonato, e com 30 segundos restantes na final, ele fez bom uso do método mais fácil de ludibriar os juízes do WCT. Ao dropar em um tubo fechando, sair entre o lip comemorando, e finalizar com duas rasgadinhas e as mãos pro céu exalando confiança e atiçando o público português, Julian tinha jogado suas cartas da melhor forma possível naquele momento e sua sorte estava lançada na mão dos juízes da ASP.
Não deu outra, ao sair da água, Julian encarava a cabine de julgamento do evento como quem dizia “vocês já sabem o que fazer agora”. Não há escapatória, quando o cenário todo tem cara de virada, mesmo com a última onda surfada não condizendo, os juízes perdem o critério, e precisando de 7.50, Julian consegue um exagerado 8.43 para levar a primeira vitória de sua carreira no WCT.
No pódio, Medina não contém um choro de angústia e declara: “é a terceira vez que eles erram comigo…”, enquanto a necessidade de um padrão mais claro no julgamento da ASP se torna cada vez mais urgente.
Enquanto isso, nas mídias sociais, o resultado do campeonato parece ter causado não só o sentimento de revolta mas também de criatividade entre os torcedores brasileiros. Aqui estão algumas “peças” de artistas anônimos: