Entrevista: Brad Domke sobre skurfing no México

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Se você é um dos milhares que viram o post Brad Domke + Skimboard + Tow-in = ? e, além da questão que deu título à matéria, também se perguntou várias outras coisas após assistir estes incríveis 4:30 minutos de vídeo, não se preocupe. Ligamos pro nosso amigo Domke, na Flórida, para esclarecer – ou tentar esclarecer – algumas delas:

Em primeiro lugar, parabéns pelo vídeo novo. Dois dias depois de ser lançado na Layback, ele já é o vídeo mais visto do mês, à caminho de ser mais um viral seu.

Nossa, isso é muito louco! É engraçado ver o feedback do vídeo e todo mundo discutindo sobre ele… na verdade eu nem penso muito sobre isso, eu só tô fazendo isso pra me divertir e produzir uns clipes! E aí a coisa ganha proporções assim…

… Bom, o Tony Hawk acabou de twittar uma foto sua!

Eu vi cara!!! Eu tava surfando, acabei de chegar em casa e ver isso. Nossa! Quem melhor que o Tony Hawk né?

Com certeza. Então… ainda devemos chamar isso de Skurf?

Quer saber cara, eu simplesmente chamo isso de … (silêncio).

“Ir pra água”?

É muito louco cara, o que eu tô fazendo ali na verdade, por mais difícil que seja falar isso, e por mais que eu ame andar de skimboard, eu tenho tentado alimentar a paixão de encontrar e surfar as melhores ondas, então eu tenho me esforçado pra melhorar na remada, e surfar, sabe? Ser um pouco mais “ocean man”, ao invés de um “land-to-ocean man”, sabe? Eu não sei exatamente como chamar isso porque é um outro nível completamente diferente cara, aquelas ondas por si só já são bem difíceis de se surfar… Eu não sou totalmente à favor de usar um jet ski, quer dizer, o que eu gosto no surf convencional é remar e dropar as ondas, mas pode acreditar, eu já tentei em dias como aqueles e é muuuito difícil pra mim e demora horas. Chega a um ponto que eu falo “cara, eu sei que se eu pegar meu skimboard eu vou pegar algumas das ondas mais divertidas da minha vida agora!”. Então, a saída é usar o jet por conta do tamanho das ondas e, honestamente, eu acho que eu já tenho tanto tempo de skimboard que não importa como eu vou entrar na onda, eu só quero estar lá!

Então você quer surfar ondas maiores mas meio que está preso ao uso do skimboard?

Sim, o skimboard é uma parte tão grande da minha vida e eu me sinto tão confortável nele… e é um certo privilégio poder sentir algo diferente da maioria das pessoas sabe, fazer algo que todos nós amamos que é pegar boas ondas, mas com um brinquedo diferente. Eu fico amarradão que isso virou algo como uma referência para as pessoas, porque acho que eu queria mais fazer isso pra mim mesmo, comprovar até onde esse lance consegue chegar. Porque existe um outro lado das manobras, os aéreos, shove-its, carves… esse vídeo pra mim é só uma demonstração de como skiar [ato de andar de skimboard, alguém inclui isso no Wikipedia por favor!] no pocket de um tubo. Me faz pensar “se eles estão amarradões com isso, espere até verem as manobras!”.

A primeira vez que você fez isso foi no ano passado, com aquele primeiro vídeo do México, certo?

Sim, aquela foi a primeira vez… Eu tava indo surfar lá por algumas semanas e foi intenso, as ondas estavam bem cabulosas, eu vi muitas pessoas se machucando, mas sendo da Flórida, aquilo é bem meu estilo, mesmo sendo merrecas num beachbreak, nós aproveitamos bem aquele tipo de onda, então quando eu vi o beachbreak mais bombado da minha vida aquilo fez me chamou muito a atenção. É certamente o “Mexican Pipeline”.

As ondas no video deste ano são muito maiores que aquelas do ano passado. Quando você produziu o primeiro vídeo, você sabia que era possível surfar ondas do tamanho destas que você surfou agora com um skimboard?

Sim, eu só estava esperando um momento na minha vida em que eu tivesse a oportunidade de fazer isso, porque apesar de ter só 24 anos, e ter nascido na Flórida, é louco pensar em todos os spots que eu surfei quando era um grom… Cabo, The Wedge, Newport… São ondas às vezes não tão significante para a maioria, mas no mundo do skimboard eles são bem intensos, e depois de visitá-los, eu só queria continuar… E eu gosto do surf convencional também, sabe? Muita gente falou [insira voz avacalhada] “Mas porque ele não simplesmente usa uma prancha de surf?”… Eu uso! Eu surfo direto!

Claro, se você pode fazer isso em um skimboard, não vejo porque você faria com uma prancha de surf.

Exatamente! E tem certas coisas que as pessoas não veem, tipo… eu acho irado que as pessoas discutam isso e se interessem pelo assunto, que muitas vezes é algo novo para elas, mas por mais que possa parecer desajeitado fazer aquilo com um skimboard, eu fiz isso a maior parte da minha vida e me divirto pra cacete fazendo isso dessa forma. Sentir uma prancha de 3 pés em uma onda perfeita daquele tamanho é algo difícil de descrever! Eu já fiz sobre uma prancha de surf mas tenho que dizer que com o skimboard é mais divertido pra mim. Eu não quero dizer o nome de nenhuma onda [censurado], mas para os próximos vídeos, eu certamente vou levar a coisa para um nível acima!

Como o sentimento se compara ao de surfar com uma prancha de surf?

É um sentimento lindo, não consigo explicar. Você fica meio que rindo e brincando, ao invés de se concentrar mais seriamente com sua técnica de surf, sabe? Toda vez que eu faço é uma viagem porque quando eu entro em uma onda, me pego pensando em todas as possibilidades… Pra te dizer a verdade, tem tantas coisas que eu poderia estar fazendo naquelas ondas mas que eu não estou fazendo! Só que, como eu sou um surfista também, no meu ponto de vista, se você consegue parecer mais como se estivesse surfando, em cima do skimboard, sabe? Clássicas curvas, um bottom turn, um tubo… é mais legal do que fazer um 900º no flat, e vários shove-its e tal… Então essa é minha viagem: conseguir “surfar” no sentido clássico da palavra, em cima de um skimboard.

É possível explicar o que você faz exatamente pra manter o skim estabilizado em uma onda daquele tamanho?

Cara, eu já pensei em tantas formas de dizer isso, mas não sei direito, quando você é um skimboarder (quando eu era criança eu fazia praticamente 10 horas por dia de skimboard), toda aquela prática faz com que a coisa funcione naturalmente. É fácil dizer “eu simplesmente uso a borda da prancha”… Sim, é o que eu fiz, mas se você não conhece essa sensação, não é tão fácil quanto parece. É basicamente a borda do tail, tipo 3 centímetros submersa… Hahaha! Eu não sei cara, eu to chutando aqui. Aquela prancha é leve feito uma pena! Muita gente não sabe disso mas aquilo é muito mais leve do que uma prancha de surf sem quilhas.

E você encontrou com o Bruce Irons nessa trip, não foi?

Sim, eu não estava exatamente “com ele”, ele tava fazendo as coisas dele por lá, mas aquele cara é louco! Ele desce as ondas mais insanas que eu já vi na vida. É como se ele já tivesse feito de tudo, vários paddle-ins, ele já até remou em Teahupoo de olhos vendados! Então quando ele está na água, ele está tentando pegar a maior e mais insana onda da vida. E às vezes, a coisa fica tensa porque aquela onda muitas vezes fecha, você não pode sempre fazer o que quer, e é uma onda pesada! Você pode tomar uns caldos longos alí!

Sim, pelo vídeo dá pra se ter uma ideia… e você é um cara alto! Quanto de altura você tem mesmo?

Cara, eu tenho mais ou menos 1.87m! Então, você tem que considerar isso quando assiste ao vídeo… De certa forma, é muito irado estar fazendo isso e rendendo uma exposição para o skimboard, porque o que a gente faz merece mais visibilidade com certeza! Nós corremos na areia pra pegar as ondas! Depois que fiquei mais velho, eu aprecio ainda mais o esporte porque vim a perceber “Hum, tem várias formas de se pegar essas ondas, de tow-in, remando…”. Eu acho que tem um grande futuro pro skimboard, seja fazendo skurf ou não, é uma sensação diferente, as pranchas não são tão grandes, não tem quilhas, então você tem muito mais possibilidades de adaptar um estilo do skate na água. Eu vejo quase como um novo tipo de Wakeskate. É um outro mundo!

Você certamente tá fazendo um bom trabalho no sentido de gerar essa exposição. Não tem como não ficar impressionado com o que você faz nesse video!

Eu nem ligo se é bom ou ruim, pelo menos é algo diferente, que desperta a curiosidade das pessoas. Hoje em dia é tão difícil conseguir fazer um nome porque todo mundo tá tentando também, então, é legal que achei algo assim, que não seja o surf em si.

E como foi a produção do vídeo?

Nossa, eu fiquei lá por um tempão! É meio louco porque lá é uma vila de pescadores, nada acontecendo, mas acaba valendo a pena esperar pelo swell e essa trip eu tive sorte. Nada muito ruim aconteceu, eu agora conheço bem o pessoal lá e tal, mas algumas doideras acontecem lá… digamos que foi definitivamente “uma produção”. Eu fui com o meu film maker, Dylan, e meu amigo Brian Conley, de San Diego, mora lá, e ele estava fazendo dupla comigo no jet ski. Foi uma trabalheira cara, eu tomei uns caldos pesados! Com só duas pessoas, dá um trabalho incrível. É algo que eu quero fazer novamente, mas eu quero levar um passo adiante em outro pico, mas eu ainda não tenho um patrocinador além das pranchas Exile Skimboards e Freak [tailpads], mas com uma ajuda melhor eu acho que poderia fazer um ótimo trabalho. Obrigado pela oportunidade de dar umas palavras pro pessoal no Brasil! Sendo isso considerado um esporte ou não, parece que tem muita gente interessada em assistir, então… É onde eu estou agora, eu já recebi algumas ligações mas nada certo ainda. Mas eu também não tô pensando muito nisso, tô tranquilo… só cansei de surfar na Flórida (risos).


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