Owen barra KS10 em New York


Antes do Quiksilver Pro New York ter início em Long Island, uma grande expectativa pairava no ar, mais pela qualidade das ondas nova-iorquinas do que pela performance dos tops da elite mundial da ASP. Sim, era uma onda estreante e desacreditada, que acabou calando os críticos após a passagem do furacão Kátia.

O primeiro dia de competição em Long Beach foi realizado em condições ridículas. A tão temida “etapa do corte”, que define quem fica e quem cai fora do restante da temporada, teve o sinal verde com ondas horríveis de menos de meio metro. Algo nada inspirador se comparado ao prêmio recorde de 1 milhão de dólares oferecido pela sexta etapa do World Tour.

Na primeira fase, a galera verde e amarela começou bem, com quatro dos cinco representantes brasileiros, Jadson André, Alejo Muniz, Heitor Alves e Raoni Monteiro passado direto para a terceira fase. Já Adriano de Souza chegou a fazer o maior somatório entre os atletas brasileiros, mas foi derrotado pelo aussie voador Josh Kerr, tendo que encarar a primeira repescagem.

Eis que o mar reagiu de leve para o segundo dia do Quiksilver Pro New York, com ondas que chegaram a “meio-metrão” no pico nova-iorquino. Mineirinho desta vez venceu bem, despachando o sul-africano Travis Logie para juntar-se ao time de brasileiros na terceira fase.

Mas, o que acabou marcando o round 2 foram as atitudes ásperas de dois talentosos tops mundiais, o norte-americano Bobby Martinez e o taitiano Michel Bourez.

Primeiro foi a vez de Bobby, que após vencer de virada a quarta bateria, soltou o verbo durante a entrevista de praxe com os atletas vencedores de cada confronto. O “chicano” meteu o pau no novo formato inspirado na ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), xingando e debochando da entidade máxima do surf mundial. As declarações de Martinez  custaram caro. A ASP o suspendeu do World Tour e o futuro do norte-americano será definido em uma reunião de “cúpula”, apesar de ser pública a intenção do atleta de não participar mais do tour. Após dois desfalques (África do Sul e Taití), Bobby, junto a seu novo patrocínio, FTW, já havia declarado que Nova Iorque seria sua última etapa no tour.

Através do Twitter, o havaiano Sunny Garcia apoiou a atitude de Bobby  e pediu a opinião de Kelly Slater, que disse: “Não sei. Todos nós temos opiniões, mas isso significa que somos livres para dizer qualquer coisa que quisermos? Hora e lugar. Estou desapontado“.

Outro que não poupou críticas a ASP foi Michel Bourez, que, após perder para o havaiano Fred Patacchia, postou em seu Twitter:

“Eu achei que tinha entrado no Dream Tour, não no Shit Tour. Onde estão as ondas boas? Vamos lá, ASP, coloque-nos em ondas de verdade!”.

“Depois de Rio e Nova Iorque, onde será o próximo evento, no rio da Alemanha? Vamos lá, quem liga para cidades? Melhores ondas para os melhores surfistas?”

E finalizou de forma ainda mais ácida.

“Eu acho que quando você coloca dinheiro na mesa, a ASP diz: sim, facilmente”.

– Michel Bourez.

Polêmicas à parte, o cronograma seguiu em NY e o último dia de competição em Long Beach literalmnte pegou fogo. Com boas ondas  de 1 metrão, o que se viu foi um show dos animados atletas da elite, que não se cansaram de reverenciar a organização do evento pela forma como foram tratados na capital do consumismo mundial.

Os brazucas Jadson André e Heitor Alves pararam nas quartas-de-final e Alejo Muniz conseguiu sua melhor colocação no tour, um terceiro lugar após ser parado apenas pelo campeão do evento, o aussie Owen Wright.

Mas o momento mais impressionante e sensacional de todo o evento foi protagonizado, mais uma vez, por Kelly Slater.

O slob grab aéreo reverse de Slater. Foto: ASP/Rowland

O slob grab aéreo reverse de Slater. Foto: ASP/Rowland

Durnte a semifinal contra Taj Burrow, KS10 dropou uma direita, acelerou e, em sua terceira tentativa, acertou um aéreo reverse gigante que parecia ser “no grab” (sem a mão na borda) até o último minuto, quando o Careca resolveu completar o giro de “slob” (com a mão da frente na borda de fora da prancha), para cair na espuma, sumir por um instante e reaparecer com as mãos levantadas para o ar como se dissesse “olha o que eu fiz! Ainda estou em pé”. Nota 10 para levar o grande público presente a loucura em Long Beach.

Na final, Kelly não fez frente ao grandalhão australiano Owen Wright e foi derrotado pelo surf rápido, forte e de manobras bem encaixadas do aussie, na reedição da final de Teahupoo, vencida por Slater.

“Eu sempre quis disputar uma final contra Kelly e semana passada em Teahupoo foi demais. Eu acho que Kelly está pronto para uma revanche, já. Obrigado, Long Beach! Olhem estas ondas! Obrigado à Quiksilver, nós fomos bem tratados durante toda a semana e eles tornaram tudo fácil pra gente. Obrigado pelos US$ 300 mil. Agradeço também ao meu treinador Dean Davies. Tivemos altos e baixos e trabalhamos em busca da vitória, e isso significa muito. Obrigado aos meus amigos e família. Tenho recebido mensagens deles e do meu pai. Eu queria que ele estivesse aqui, mas quem sabe outro dia? Valeu, galera, agradeço pela força.”

– Owen Wright.

Owen embolsou o prêmio recorde de 300 mil dólares da etapa. Já Slater, engordou sua pomposa conta bancária com mais 100 mil doletas.

Resultado final do Quiksilver Pro New York 2011
1Owen Wright (Aus)
2 Kelly Slater (EUA)
3 Alejo Muniz (Bra)
3 Taj Burrow (Aus)
5 Heitor Alves (Bra)
5 Jadson André (Bra)
5 Josh Kerr (Aus)
5 Julian Wilson (Aus)
9 Adriano de Souza (Bra)
13 Raoni Monteiro (Bra)
Ranking da elite mundial após 6 etapas
1 Kelly Slater (EUA) – 34.950 pontos
2 Owen Wright (Aus) – 31.900
3 Joel Parkinson (Aus) – 30.200
4 Jordy Smith (Afr) – 27.000
5 Adriano de Souza (Bra) – 26.750
6 Josh Kerr (Aus) – 25.600
7 Taj Burrow (Aus) – 25.250
8 Mick Fanning (Aus) – 23.000
9 Michel Bourez (Tah) – 20.500
10 Jeremy Flores (Fra) – 19.700
11 Alejo Muniz (Bra) – 19.650
12 Jadson André (Bra) – 17.400
20 Heitor Alves (Bra) – 12.700
21 Raoni Monteiro (Bra) – 12.450
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