O melhor de Dane Reynolds Vs. O pior de Mauro

O vídeo acima mostra 30 minutos de um retrospecto do melhor que rolou no site marinelayerproductions.com, de Dane Reynolds, antes de sua cirurgia no joelho.
Como notado em sua declaração de independência do tour, Dane faz algumas menções a Chris Mauro – ex editor da revista Surfer. Mauro foi o responsável pelas críticas mais duras em relação ao que o vídeo acima exemplifica: o Dane Reynolds que existe fora do World Tour, dedicado a seu blog pessoal e o surf visto de uma perspectiva contrária à ASP.
Abaixo, você pode ler o polêmico artigo de Chris Mauro, traduzido por completo, para tirar suas próprias conclusões.


Depois de todo este hype envolvendo Dane Reynolds nos últimos tempos, é fácil entender como a Daneofilia está agora afetando uma grande porção dos surfistas prodígios de hoje em dia. Alguns médicos descrevem a doença como um surto virulento de comportamento relaxado, outros se referem a ela como uma síndrome mais conhecida como a do foda-se.

Notáveis novos talentos (especialmente aqueles residindo pela costa californiana dominada pela indústria do surf) têm o maior risco de contrair o vírus, mas os sintomas tipicamente se alastram assim que eles deixam seu pequeno e confortável reservatório para irem de encontro ao grande e cruel mundo dos talentos globais, quando eles rapidamente descobrem que ganhar está longe de ser tão fácil quanto eles, os publicitários, escritores, videomakers, agentes, managers, técnicos, blogueiros e astrólogos achavam que seria.

Consumidos por insegurança, eles começam a questionar não só a teta a qual eles estão mamando desde quando ganharam sua primeira bermuda grátis, mas o corpo que provê a nutrição, como um todo. E a natureza passageira do sabor de seu status como surfista vem à tona. Eles então descobrem… são substituíveis. No final das contas eles são só ferramentas. Ferramentas de marketing. Sendo explorados para vender utensílios. Oh! que horror.

Os sortudos, como Dane Reynolds, parecem ter uma escolha nesta questão. Eles podem fazer uma carreira baseada em serem anti-pros, optando em seguir uma linha de “soul surfing” cheia de câmeras e aparições especiais. A vasta maioria dos pros não dispõe deste mesmo luxo.

Olhe o Adriano de Souza por exemplo, que pelos olhos da maioria é o contrário de Dane. Os dois adoram surfar, sem dúvida, mas o Adriano floresce em competições. Isso faz dele incrivelmente cafona nos círculos legais. Afinal, ele sempre dá 100% de si (que certinho!), ele adora comemorar (que nada a ver) e o que é aquela base aberta horrível? Todo aquele irritante trabalho árduo e atitude competitiva faz do Adriano o vilão perfeito do tour.

Mas olhe mais a fundo em sua história e você pode começar a ver as coisas diferentemente. Onde cresceu, em um bairro pobre de São Paulo, havia dias em que sua próxima refeição não era garantida. Ele e sua família lutaram muito por tudo que tinham, e quando a remota possibilidade de uma carreira de surfista apareceu ele teve que sair de casa de vez para alcançá-la.

Graças ao seu trabalho duro e dedicação, ele sucedeu além de seus maiores sonhos. Hoje, sua mãe e seu irmão moram em casas que Adriano proveu com suas vitórias. Sabendo de tudo isso, você pode entender de onde a paixão por trás de suas comemorações vem, você pode até começar a respeitar algumas de suas qualidades como surfista, tipo como ele consegue colocar sua prancha em todos os lugares certos com uma dose generosa de velocidade e potência.

O caminho de Adriano foi, sem dúvida, difícil. E continua sendo, julgado pela opinião pública. Enquanto isso, nós somos informados em sua entrevista à Surfer Magazine que o caminho de Dane Reynolds não teve nenhum obstáculo, e ele está voando à todo vapor.

Afinal, ele prefere viajar com caixas de cervejas do que bolas de exercício. Ele não gasta sua energia atrás de um 5.5 para passar baterias apenas para agradar patrocinadores. Ele acha que seus amigos em Oxnard são muito mais interessantes do que todas as pessoas exóticas que ele ignora quando viaja. E, claro! O Kelly Slater não fez lá muita coisa pelo surf. (Parece que Dane não conta os zeros em seus cheques antes de depositá-los).

Toda essa indiferença faz dele um grande herói do surf.

Agora ele está à procura de menos stress ainda. Ele quer surfar pranchas feias em ondas murchas e ficar com seus amigos desenhando camisas, postando em seu blog e fazendo webisodes.

E não surpreendentemente, um bando de “bonzões” californianos pensam que o mesmo caminho irá funcionar bem para eles também. O status de celebridade instantânea, aparentemente, está há um blog legal de distância.

É claro que eles gostam de esquecer aquela parte em que Dane teve que dar duro… cê sabe, a parte em que ele de fato conquistou seu valor, a parte em que ele entrou para o tour, validando seu hype com vitórias brilhantes no grande palco.

Peraí – vitórias?

Bom, sim e não. Como Slater corretamente notou durante seu discurso no Surfer Poll ano passado, Dane Reynolds nunca ganhou nada. Nem mesmo o NSSA Nationals. Mas nós não precisamos chorar por ele.

O fato é que Dane simplesmente não é feito do mesmo material ganhador de baterias que as outras estrelas do tour. Mesmo assim, o tour é repleto de Daneófilos por uma boa razão: assim que ele entrou para o tour, ele prosseguiu causando uma sensação com seus aéreos bizarros e carves carnívoros. As maiores vitórias de Dane não foram matemáticas, elas vêm em forma de afirmações – a forma em que ele ganha baterias, e às vezes a forma em que perde elas. Enfim, ele fez algumas proclamações de quebrar barreiras com uma lycra de competição, e isso o deu o status de primeira classe que ele tem. Ele ganhou corações.

Mas Dane, sabendo ou não disso, ganhou a maioria destes corações em cima do grande palco, e sua mensagem se propaga mais através daquele formato do que qualquer outro lugar. Existe uma simples razão para isso. Atuar sob pressão, na frente de milhares e sem a segurança do Final Cut Pro é simplesmente mais difícil do que postar em um blog, desenhar camisas e gravar vídeos.

Nada barato e fácil tem valor, por isso todas aquelas outras coisas são consideradas apenas surf porn. É ótimo por alguns segundos de excitação. Se tivessem o poder de escolha, a maioria dos fãs de Dane optariam em vê-lo continuar a se superar.

Claro, depois de anos de viagens e o calendário corrido que eles têm na ASP, ele certamente mereceu o direito de ir atrás do que lhe faz realmente feliz, seja moda e filmes ou beer bongs e baixo escalão do surf. Se nós aprendemos uma coisa do querido Steve Jobs é que amar o que você faz é o único jeito de fazer um trabalho bom. E nós adoramos o trabalho de Dane.

Mas a história nos diz que uma vez que um surfista sai do tour, uma contagem regressiva é iniciada para o fim de seu encanto. Porque os flashes desaparecem um pouco mais rápido nesta nova era de mídia. Em alguns poucos anos, quando Dane tiver ganho mais uns 6kg, sua barba crescido e ele estiver em casa assistindo uma nova geração de estrelas continuando de onde ele parou, é possível que ele se sinta mais explorado do que nunca sendo um mero prostituto dos vídeos procurando por fãs no Facebook… Aí então, alguns 5.5 ficarão razoáveis na comparação.

Por: Chris Mauro
Tradução: LAYBACK.com.br


O vídeo acima e o texto de Chris Mauro representam dois lados bem pesados da balança. Nós queremos saber a sua opinião!

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