O final do Surfest 2012, em Newcastle, foi marcado pela imponente performance brasileira, que além de ter Jessé Mendes como campeão da etapa Chiko Pro Jr., teve também Willian Cardoso, Filipe Toledo e Hizunome Bettero nos primeiros lugares da etapa 6 estrelas Burton Toyota Pro.
Filipe Toledo, de 16 anos, foi a estrela do evento e, dessa vez, parece que o garoto finalmente conseguiu deixar sua marca na cena internacional que sofre de uma certa miupia no que diz respeito a talentos brasileiros. Também, não poderia ser diferente, com Filipinho seguidamente soltando aéreos 360 de backside rodando por completo e arrancando exclamações espontâneas de “Holy Toledo!” dos gringos, ele literalmente espantou quem ainda não havia sequer ouvido falar no nome dele.
“Provavelmente a melhor coisa já vista no surf”, era essa a definição da manobra por quem foi surpreendido durante o evento. Primeiramente pelo o australiano Jordin Watson que, em entrevista após mandar Jessé Mendes para a repescagem e Filipinho para fora do evento Pro Jr, parecia mais entusiasmado com a nota 10 de Filipe do que com sua própria classificação. Foram dois na mesma onda!
A nota 10 de Filipe Toledo durante o Chiko Pro Jr. em Newcastle
Já no Burton Toyota Pro, depois de deixar o californiano Nat Young – que tinha acabado de desbancar Taj Burrow – completamente descentrado, atirando para tudo que era lado na tentativa desesperada de superar um 9.07, Filipinho enfrentou o experiente Gabe Kling. Com a bateria liderada por Kling, e Filipe parecendo cansado e desencontrado dentro d’água em um momento de poucas ondas, só um golpe certeiro digno de Kelly Slater mudaria aquela situação nos últimos 5 minutos de bateria. Precisando de um 7.5 para virar, Filipe deixou de dropar várias ondas para apostar tudo em uma única marola, uma única manobra. Com 100% de comprometimento, o ubatubense acelerou tudo e soltou o maior de seus aéreos. Ainda na mesma onda, ele tentou a manobra novamente pela quarta vez no evento mas se desequilibrou por pouco na espuma. Mesmo assim, era sua segunda nota 10 e, para provar que o apelido pegou e Filipinho fez seu nome, a Surfer Magazine soltou imediatamente no Twitter: “Holy Toledo! Filipe Toledo acabou de completar um dos maiores aéreos da história em competições…”
Enquanto isso, outro ubatubense se destacava no evento. Hizunomê Bettero demonstrou tranquilidade surfando contra os anfitriões australianos, chegando a somar a maior pontuação do evento contra David Vlug e mandando pra casa nomes como Jack Freestone e Mitch Crews. Hizunomê só perdeu para o power surf de Willian Cardoso na semi, garantindo Panda em uma final verde e amarelo contra Filipinho.
Durante a semi verde e amarela, o ídolo australiano Matt Hoy entrou na sala de locução e parecia desnorteado com os recentes acontecimentos da bateria anterior. “Vocês tem o replay daquela última onda do Filipe Toledo? Foi a coisa mais impressionante que eu já vi alguém fazer dentro d’água!”. As expectativas já estavam todas em cima de Filipinho e uma grande final se preparava para acontecer.
Coincidentemente, assim como na final do Burton Toyota Pro 2011 – na qual Dion Atkinson venceu Tom Whitaker por conta de uma interferência – Filipe foi penalizado por uma interferência involuntária logo no início da bateria. Willian tinha a prioridade e dropava logo atrás de Filipinho, no que parecia ser uma outra onda. Porém, as ondas se conectaram e, Filipe, por via das dúvidas, soltou mais um de seus aéreos 360 de back. Não teve jeito, aquela onda foi descartada, e a decisão dos juízes de acusar a interferência contra Filipe Toledo o privaram de uma segunda nota. Ele agora poderia somar no máximo 10 pontos em seu total para aquela bateria. Apesar da confusão e as dúvidas dentro d’água, Filipe conseguiu mais uma vez emplacar sua marca registrada, que dessa vez valeu um 9.5 – não perca a conta, foram seis “Toledo Airs”, sendo cinco completos. A pressão agora estava toda em cima de William Cardoso que, de forma átipica, não conseguia se manter em cima da prancha durante a maior parte da bateria. Algo histórico estava para acontecer, nos minutos finais de bateria, Filipinho vencia a final com apenas 1 onda contabilizada, contra duas de pontuações baixas de Panda. Porém, Willian não deu mole e com alguns de seus coices de backside, conseguiu somar 10.6, tornando impossível a virada para Filipinho.
É tudo nosso! Certamente veremos muito mais dessa galera durante os World Stars de 2012 e, quem sabe, novos nomes brasileiros entrando no World Tour em 2013.