10 Impressões que ficaram do Billabong Rio Pro 2014

Na parada nº 4 do circuito WCT 2014, a elite do surf mundial esteve no Rio de Janeiro para o quarto ano de Billabong Rio Pro nas ondas do Postinho, Barra da Tijuca. Com a poeira baixando por aqui e a elite se preparando para a etapa de Fiji, conseguimos enumerar (mesmo que sem critério de ordem algum) 10 impressões que marcaram sobre o evento.

A vista aérea da maior estrutura de etapas do WCT em 2014. Foto: Roberto Rosset / Layback

1. O Samsung Galaxy WCT e a “Nova ASP”

Sem dúvida, as primeiras impressões que o Billabong Rio Pro 2014 passou para quem marcou presença no Postinho foram referente às mudanças que a gigante ZoSea trouxe à ASP após a parceria que foi colocada em vigor no início do ano. A imponente estrutura do campeonato era a maior do WCT 2014 e certamente a maior de qualquer etapa já montada naquelas areias. A área contava com um portal de entrada, como o que se vê no USOpen of Surfing, stands gigantes e áreas de imprensa e atletas altamente restritas. As histórias de atletas sendo barrados em áreas VIPs e a restrição de pulseiras, tanto para familiares e convidados de atletas quanto para quem trabalhava para a imprensa, eram constantes na praia. Apesar disso, a etapa serviu para mostrar na prática que a ideia inicial de manter sob o controle da ASP todo o material de foto e vídeo produzido na praia nunca daria certo. Mesmo com as finais acontecendo ao longo de uma segunda-feira, o público compareceu em peso e lotou a extensão toda do evento, com incontáveis câmeras apontadas para os Top 32 do mundo.

Perfeito? Foto: Gustavo Monteiro

2. As condições ruins mais perfeitas do Tour

As condições de mar durante os dias de Billabong Rio Pro variaram de muito ruins (primeiro dia de evento), inconstantes, até perfeitas… para se ver. O mar no Postinho tem a fama de enganar muito quem olha de fora d’água, e a verdade é que muitas das fotos de line ups e tubos pesados e perfeitos que rodaram o mundo na realidade só seriam surfados na imaginação dos espectadores da praia mesmo. Os melhores do mundo sofreram nestas condições, se encontrando completamente perdidos no outside durante a maioria do tempo e voltando com o lip de muitas fechadeiras. Mas é claro que toda regra tem sua exceção…

3. A Exceção: Kelly Slater

Kelly Slater consegue ano após ano roubar a cena e atrair todas as atenções para algum feito durante sua passagem pelo Rio. Nos anos recentes isso aconteceu por conta dos aéreos apelidados de “Kelly Oop” e “Rock n’ Roll Air” apresentados durante suas sessões de freesurf, a bateria de 1:30h solo que surfou após perder para Bobby Martinez no Round 3 em 2011 (e que lhe custou uma multa de $5.000 dólares), e até mesmo em 2011 quando optou por não vir ao Rio, sendo sua ausência um dos detalhes mais comentados no evento por um bom tempo. Este ano, Kelly descolou a única nota 10 do campeonato, uma misteriosa onda surfada longe do alcance dos olhos da grande maioria do público presente no Postinho no primeiro minuto da primeira bateria do último dia de competição, às 7:00h da manhã, contra Adriano de Souza. Uma daquelas ondas que provavelmente só seria surfada na imaginação de quem vê o mar de fora d’água, mas se tratando de Kelly Slater…

Bizarrices dos freak shows de Gabriel Medina sem a lycra da ASP. Foto: Gustavo Monteiro

4. O show à parte de Gabriel Medina

Outro detalhe já tradicional dos últimos anos são as sessões de freesurf de Gabriel Medina nos dias que antecedem a etapa. Medina surfa as ondas do Postinho como poucos, e quem já viu o garoto caindo por lá sem uma lycra de competição ou cronômetro sabe que é normal vê-lo fazer uma sessão de tubos e aéreos em incontáveis ondas surfadas num mar que normalmente não convenceria muita gente nem mesmo a entrar dentro d’água após uma olhada da areia.

Filipe Toledo mostrando as garras. Foto: Myara

5. O Fogo em Filipe Toledo

Durante o Rio Pro, mais do que nunca, Filipe Toledo mostrou a vontade e garra que fazem de Adriano de Souza, por exemplo, o competidor impetuoso que é. Em sua primeira bateria, Filipe chegou junto para uma disputa de aéreos contra Julian Wilson e saiu da água com todos os recordes do dia. No instagram da Layback, levantamos a questão sobre Filipinho ser o melhor surfista do mundo em condições como aquelas e parece que até Kelly Slater concorda. Em recente entrevista para a ASP, o 11x campeão mundial apontou Filipe como o melhor surfista em ondas pequenas que ele já viu em sua vida. Além deste talento, ele demonstra um sangue frio durante suas baterias muito incomum nos surfistas da sua geração. Sabemos o que você está pensando, e logo o surf de Filipinho nas chamadas “ondas de consequência” será colocado à prova na perna mais importante do Tour começando agora em Fiji, depois J-Bay e Teahupoo. Dependendo da evolução que ele mostrar durante este período, não lhe faltará muito para terminar o ano entre o seleto grupo de surfistas da ponta do ranking mundial.

Kolohe Andino, claiming. Foto: Gustavo Monteiro

6. Pode Comemorar…

Faz algum tempo que os “claims” são protagonizados não só entre os surfistas brasileiros, como a fama sugere, mas por grande parte da elite. No entanto, no Rio eles parecem tomar um significado especial e, assim como no ano passado quando vimos as “batalhas de claims” sendo travadas nas fases finais do evento, este ano não foi diferente. Do atual nº 1 do mundo, Kelly Slater, ao wildcard David do Carmo, a manobra dos braços ao ar foram executadas sem nenhum sentimento de culpa durante todo o evento.

Além das muitas variações de aéreos, Samuel conseguiu fazer uso da borda da prancha em ondas quase insurfáveis no Postinho. Foto: Myara

7. Samuel Quem?

Pupo. Isso mesmo, Samuel Pupo. Quem esteve na praia fora da janela das baterias do Rio Pro provavelmente se deparou com o caçula da família Pupo simplesmente quebrando dentro d’água. Nas ocasiões pré-evento, ainda com o mar bem pequeno e se aproveitando do pouco peso, Samuel chegou a desbancar os frustrados membros da elite que surfavam ao seu redor, sendo destaque com full rotations, stalefishes e manobras de alto nível sendo completadas sem compromisso. Quando o mar subiu ele também podia ser visto colado às bóias que delimitavam a área das baterias, colocando pra dentro dos tubos ocos do Postinho. Aguarde cenas dos próximos capítulos…

Uma reviravolta para Kolohe Andino ou um full rotation? Foto: Smorigo/ASP

8. A Reviravolta de Kolohe

Toda a pressão que Kolohe Andino sofreu desde seu ingresso no WCT – e até mesmo antes disso! – parece ter saído dos ombros do californiano, pelo menos até a próxima etapa do circuito. Kolohe completou múltiplos aéreos full rotation que muitos duvidavam até fazer parte de seu arsenal e, em mais uma obra do acaso, ou das ondas imprevisíveis, subiu ao pódio pela primeira vez em sua carreira no WCT, desbancando no caminho caras como Kelly Slater, Julian Wilson e Mick Fanning.

Mick Fanning, aquele abraço. Foto: PH Costa Blanca

9. David do Carmo

Apesar do Billabong Rio Pro 2014 não contar com a presença de nenhum wildcard carioca, o campeão brasileiro David do Carmo representou e mandou o campeão do mundo pra casa muito mais cedo que o esperado, no Round 2 do evento, com o apoio de toda a torcida na praia em uma bateria desesperadora para Mick Fanning. O aussie estava a ponto de tentar aéreos – cena raríssima – nos últimos minutos de bateria, precisando de uma nota 9. Após a derrota de David para Kelly Slater nos minutos finais de sua bateria pelo Round 4, o paulista também deu um show de humildade como sempre exaltando o que é surfar contra estes ídolos no WCT e Kelly conseguiu recuperar seu favoritismo com o público, após uma salva de vaias na praia, como dificilmente vemos em etapas do Tour.

Segunda vitória de Bourez em sua carreira no WCT, primeiro vice de Kolohe. Foto: Myara

10. Festa das Zebras

Com as condições imprevisíveis do mar na Barra da Tijuca, e momentos em que uma onda nota 5 salva uma bateria de mar completamente flat, a etapa do Rio consequentemente resultou em grandes zebras. Esta imagem em si seria quase impensável antes do início da competição, com o favoritismo dos brasileiros e aerialistas consagrados como John John Florence, Julian Wilson, Jordy Smith… e Kelly Slater, é claro. O campeão Michel Bourez provavelmente ficou de fora de qualquer aposta, assim como a eliminação precoce de John John Florence, Julian Wilson e todos os brasileiros no Round 3, com exceção de Mineirinho.

CompetiçãoSurfWCT