Após passarem por Chile, Argentina, Uruguai e ontem Porto Alegre, os alemães do Samsara Blues Experiment seguem hoje com sua turnê nacional produzida pela Produtora Abraxas para Florianópolis. O jornalista Erick Tedesco conseguiu tirar um tempo no meio da correria dos shows para trocar uma ideia com o frontman Christian Peters, sobre a primeira vinda deles a América do Sul, a carreira de quase uma década, o novo álbum One with the Universe e o que pensa sobre o revival da década de 1970.
Erick: Olá, Chris. Finalmente o Samsara Blues Experiment chega à América do Sul e num momento importante, em que a banda está prestes a lançar o quarto álbum, One with the Universe. Como está sendo esta experiência por aqui?
Chris: Oh, estamos muito entusiasmados, e até estávamos um pouco ansiosos. Este é um momento muito, muito especial, talvez eu nem precisasse mensurar quanto, mas digo que estamos de verdade muito agradecidos por acontecer. Espero sempre por boas energias, em toda a América do Sul.
Erick: Os fãs da América do Sul amam o primeiro álbum de vocês Long Distance Trip, uma espécie de disco cult. O que este álbum significa para você?
Chris: Na verdade, esta é uma questão um pouco confusa. Depois do Long Distance Trip nós lançamos, em minha humilde opinião, mais dois bons álbuns, e o quarto registro sai logo logo. Quero dizer que já são 9 anos desde o lançamento deste disco em questão. É legal saber que as pessoas ainda o apreciam, mas não podemos sempre viver pelo passado. Mesmo assim, ainda tocamos algumas daquelas músicas nas apresentações ao vivo, claro. Mas, cara, ele faz parte do passado. É estranho como este álbum ficou tão popular, especialmente nos últimos dois, três anos, quando a banda passou por dificuldades e mudanças, como a perda do baixista original. Agora está tudo bem conosco e vamos viver o hoje!
Erick: São três álbuns de estúdio e um ao vivo lançados em quase uma década de atividades. Para aqueles que ainda não estão familiarizados com a banda, por favor, comente algo da discografia do Samsara Blues Experiment.
Chris: Cada álbum tem sua personalidade. O debut Long Distant Trip é o típico álbum “hippie” inocente, Revelation & Mystery é do tipo “cair na real” e Waiting for the Flood é sobre reflexões, talvez o mais progressivo da nossa carreira.
Erick: Música psicodélica está, como dizemos por aqui, na “crista da onda”, com diversas bandas novas fazendo som retrô, como Blues Pills, Graveyard ou Rival Sons. De volta aos anos 90 ou começo dos 2000, quando vocês iniciaram atividades, como era ser uma banda de stoner rock ou rock psicodélico? E você curte estas novas bandas?
Chris: Não gosto de nenhuma destas bandas que citou. Também não acho que elas estão na vibe psicodélica. No meu ponto de vista, a intenção de explorar a mente livremente e não limitar sua música em gêneros está em primeiro plano. Também não me agradam as bandas que tentam a qualquer custo reviver a década de 1970, não apenas pela questão musical, mas também com roupas e outras coisas. Fizemos algo do tipo há alguns anos, quando não era moda, mas enfim entendemos que música significa mais do que qualquer coisa. Além disso, muitas destas bandas nem mesmo tem uma sonoridade “autêntica” dos anos 70. Não me leve a mal, eu amo o real som setentista, mas estamos em 2017 e não é proibido ou inapropriado adicionar novos temperos no caldeirão. Gosto de bandas que sabem administrar e incorporar ideias de mais de uma década e muitas delas tem personalidade, falam com o coração. Estes tipos são raros de encontrar em qualquer estilo musical, mas muitas das novas bandas não chegam nem perto de ter isso, só estão interessadas em saber o que as pessoas comentarão sobre elas. Isso é irrelevante! Eu também gosto de bandas como Type O Negative, The Sound (post-punk dos anos 80) e até mesmo Wu Tang Clan. Então, por que minha banda deve soar exatamente como algo que já aconteceu décadas atrás?
Erick: Realmente existem muitos elementos nas composições do Samsara, que ainda usam instrumentos não usuais do rock, como sintetizadores, raga indiano, misturados a riffs pesados e sonoridades viajadas. O Samsara Blues Experimente não vê fronteiras, mesmo?
Chris: Talvez! Mas não diria que traremos rappers algum dia, mas vai saber… hahhaha! Como disse, as bandas precisam ser mais flexíveis para ideias de qualquer gênero musical. Veja as bandas dos anos 1970, elas não eram limitadas! Escute apenas um álbum do Led Zeppelin, entenderá melhor o que quero dizer, eu espero.
Erick: Como está o setlit dos shows pela América do Sul?
Chris: Os shows são longos, posso dizer! São em média 10 canções, o que é um pouco louco, visto a longa duração de nossas músicas. Após a América do Sul, o Samsara Blues Experiment se apresentará no monumental Desert Fest, na cidade de Londres (Inglaterra), em abril. Um baita evento!
Erick: Como estão os ânimos para esta apresentação?
Chris: Já tocamos duas vezes no Desert, é um festival bem legal. Gostamos de estar lá e parece óbvio que a produção também curte nossa participação. Particularmente, adoro tocar em Londres, nossos shows por lá sempre são maneiros.
Erick: Sobre o novo album, One with the Universe, podemos esperar mais experimentações?
Chris: Provavelmente hahaha. Mas, cara, desculpa, eu não sei bem o que falar sobre isso. Já ouvi mais de 100 vezes estas novas músicas nas últimas semanas. Como disse em outra oportunidade, será um típico álbum do Samsara com momentos atípicos.
Erick: Muito obrigado pelo seu tempo, Chris. Manda uma mensagem para os seus fãs brasileiros!
Chris: Relaxe, moçada. Somos apenas uma banda pequena de Berlim Oriental, por favor, não esperem por um estúpido concerto de rock star, com coisas estúpidas. No entanto, se gosta de blues e ‘space cakes’, vamos nos divertir.
O Samsara Blues Experiment segue ainda com shows essa semana por Florianópolis, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, saiba mais aqui.
Assista acima os caras ao vivo com Army of Ignorance e fique ligado essa quinta às 16h na Sessão Volcom para saber das novidades envolvendo a turnê em Layback.FM.